Como o Twitter, aquele programinha que manda mensagens com no máximo 140 toques, está ajudando pequenas e médias empresas a se relacionar com os clientes e a descobrir o que eles falam sobre suas marcas
Por Bruno Vieira Feijó
O empreendedor César Pinela não depende mais de anúncios em jornais ou sites de emprego na hora de recrutar funcionários para a paulistana Aliz, especializada em tributação, que ele ajudou a fundar. Cada vez que abre uma vaga, ele a divulga pelo Twitter para uma comunidade de quase 300 pessoas. Emprego é o tipo de informação que se alastra rapidamente entre os usuários dessa mistura de microblog com rede social na qual se publicam mensagens com no máximo 140 caracteres. Os contatos de Pinela repassam a informação para seus contatos, que fazem o mesmo. No meio do caminho, aparecem os candidatos.
O Twitter ajudou a Aliz a montar um banco com mais de 1 600 currículos. "Boa parte tem um perfil muito próximo do que procuramos", diz Pinela, hoje presidente do conselho de administração da empresa. Ele gostou tanto dos resultados que agora procura mais utilidades para a ferramenta. Em breve, a Aliz usará uma tecnologia semelhante à do Twitter para manter um canal de comunicação interno com os funcionários.
Pequeno e notável
Recrutar profissionais é apenas uma das aplicações que pequenos e médios empresários como Pinela estão encontrando para o Twitter. Manter um canal de relacionamento com os clientes, saber em tempo real o que o público pensa das marcas e espionar os concorrentes são outras. "O Twitter é um espaço para divulgar ideias, notícias e o que der na telha do usuário", diz Diego Monteiro, fundador da rede social Via6. "São muitas as possibilidades para pequenos e médios empreendedores criativos."
Desde que surgiu, há dois anos, a ferramenta conquistou 4 milhões de usuários em todo o mundo - um público que atraiu a atenção de grandes empresas. Nos Estados Unidos, é usada pela companhia de aviação americana JetBlue para anunciar passagens a preços promocionais e pela fabricante de computadores Dell para oferecer máquinas de segunda mão recondicionadas. O presidente americano, Barack Obama, a utilizou durante a campanha eleitoral para enviar avisos sobre eventos e divulgar materiais como vídeos de discursos.
O empreendedor Marco Gomes usa o Twitter para saber o que os internautas pensam sobre sua empresa, a paulista Boo-box, cujas receitas vêm do aluguel de espaços publicitários para blogs. "Configurei o Twitter para me alertar sempre que alguém faz um comentário sobre a Boo-box", diz Gomes. "Basta aparecer uma dúvida ou reclamação que eu a respondo na hora e me ponho à disposição do usuário." O Twitter permite a Gomes fazer buscas a partir de palavras-chave relacionadas à Boo-box, além de identificar o autor de uma eventual queixa. "Assim evito boa parte dos e-mails que poderiam se acumular no nosso suporte técnico", diz ele.
Quando o Twitter surgiu, não foram poucos os investidores que apontaram a limitação de tamanho das mensagens e sua natureza informal e caótica como pontos fracos, capazes de restringir a audiência. O slogan do Twitter (que, em inglês, significa "gorjear", uma alusão à troca de informações rápida entre os pássaros) é, justamente, "O que você está fazendo agora?" Muitos disseram que a proposta poderia no máximo emplacar como moda passageira, usada algum tempo por tribos de adolescentes e gente desocupada.
Demora um pouco para alguém encontrar uma forma de fazer negócios com novas tecnologias - principalmente as que surgem na internet. No caso do Twitter, percebeu-se com o tempo que a limitação do espaço era um ponto forte - as mensagens curtas aumentam muito a probabilidade de ser realmente lidas e respondidas. Isso permite um bate-papo extremamente dinâmico e fácil de participar, que mistura informações pessoais com avaliações de um produto ou empresa, além de indicações sobre algo na internet. Com frequência, essas conversas ou parte delas são retransmitidas a outras redes, como o Plaxo, podendo se alastrar mais rapidamente do que outras formas de comunicação.
O tipo de conversa no Twitter tem uma característica interessante para quem quer saber o que realmente passa na mente do consumidor - a espontaneidade. Atender ao propósito de dizer o que você está fazendo agora gera mensagens difíceis de interessar a uma empresa (ou a quem quer que seja), como a postada recentemente pelo paulista Vitor Lima: "Daqui a pouco tenho que ir para Bragança Paulista, espero que não chova muito no caminho." Mas, numa tarde de sábado, o mesmo Lima escreveu: "O novo site da Exame ficou bonito e funcional". Foi um elogio, felizmente, mas, caso Lima estivesse enfurecido com algum problema técnico e compartilhasse a raiva com seus contatos, teria sido possível saber disso imediatamente, consertar o defeito e ainda avisar a todos de sua solução. No Brasil, a Net, operadora de TV a cabo, incumbiu seus funcionários de solucionar os problemas postados no Twitter por assinantes que usam a ferramenta para falar mal da empresa.
Hoje, está ficando claro para um número cada vez maior de empreendedores que ter acesso a toda essa gente conversando ao mesmo tempo pode ser uma boa forma - e gratuita - de saber não só o que se fala por aí sobre a empresa ou seu produto mas também de obter um retrato breve e atual das últimas novidades do setor. "Gosto de acompanhar o que os usuários dizem sobre os concorrentes e saber o que eles estão fazendo", diz Mario Nogueira, um dos sócios da Pagestacker, site onde os internautas podem guardar e reunir os links de suas páginas favoritas na web.
Nogueira também encontrou na ferramenta uma maneira de manter contato apenas com quem realmente quer receber as mensagens enviadas pela Pagestacker, o que afasta o perigo de importunar as pessoas ao disparar e-mails para um grupo no qual muitos integrantes podem não desejar recebê-los. "É uma forma de ter certeza de que todos os nossos informes chegarão às pessoas realmente interessadas", diz Nogueira. "Não chateamos ninguém e melhoramos a comunicação com quem realmente quer fazer negócios com a gente."
Fonte: Revista Exame PME | Fevereiro- Março | Edição 17
Por Bruno Vieira Feijó
O empreendedor César Pinela não depende mais de anúncios em jornais ou sites de emprego na hora de recrutar funcionários para a paulistana Aliz, especializada em tributação, que ele ajudou a fundar. Cada vez que abre uma vaga, ele a divulga pelo Twitter para uma comunidade de quase 300 pessoas. Emprego é o tipo de informação que se alastra rapidamente entre os usuários dessa mistura de microblog com rede social na qual se publicam mensagens com no máximo 140 caracteres. Os contatos de Pinela repassam a informação para seus contatos, que fazem o mesmo. No meio do caminho, aparecem os candidatos.
O Twitter ajudou a Aliz a montar um banco com mais de 1 600 currículos. "Boa parte tem um perfil muito próximo do que procuramos", diz Pinela, hoje presidente do conselho de administração da empresa. Ele gostou tanto dos resultados que agora procura mais utilidades para a ferramenta. Em breve, a Aliz usará uma tecnologia semelhante à do Twitter para manter um canal de comunicação interno com os funcionários.
Pequeno e notável
Recrutar profissionais é apenas uma das aplicações que pequenos e médios empresários como Pinela estão encontrando para o Twitter. Manter um canal de relacionamento com os clientes, saber em tempo real o que o público pensa das marcas e espionar os concorrentes são outras. "O Twitter é um espaço para divulgar ideias, notícias e o que der na telha do usuário", diz Diego Monteiro, fundador da rede social Via6. "São muitas as possibilidades para pequenos e médios empreendedores criativos."
Desde que surgiu, há dois anos, a ferramenta conquistou 4 milhões de usuários em todo o mundo - um público que atraiu a atenção de grandes empresas. Nos Estados Unidos, é usada pela companhia de aviação americana JetBlue para anunciar passagens a preços promocionais e pela fabricante de computadores Dell para oferecer máquinas de segunda mão recondicionadas. O presidente americano, Barack Obama, a utilizou durante a campanha eleitoral para enviar avisos sobre eventos e divulgar materiais como vídeos de discursos.
O empreendedor Marco Gomes usa o Twitter para saber o que os internautas pensam sobre sua empresa, a paulista Boo-box, cujas receitas vêm do aluguel de espaços publicitários para blogs. "Configurei o Twitter para me alertar sempre que alguém faz um comentário sobre a Boo-box", diz Gomes. "Basta aparecer uma dúvida ou reclamação que eu a respondo na hora e me ponho à disposição do usuário." O Twitter permite a Gomes fazer buscas a partir de palavras-chave relacionadas à Boo-box, além de identificar o autor de uma eventual queixa. "Assim evito boa parte dos e-mails que poderiam se acumular no nosso suporte técnico", diz ele.
Quando o Twitter surgiu, não foram poucos os investidores que apontaram a limitação de tamanho das mensagens e sua natureza informal e caótica como pontos fracos, capazes de restringir a audiência. O slogan do Twitter (que, em inglês, significa "gorjear", uma alusão à troca de informações rápida entre os pássaros) é, justamente, "O que você está fazendo agora?" Muitos disseram que a proposta poderia no máximo emplacar como moda passageira, usada algum tempo por tribos de adolescentes e gente desocupada.
Demora um pouco para alguém encontrar uma forma de fazer negócios com novas tecnologias - principalmente as que surgem na internet. No caso do Twitter, percebeu-se com o tempo que a limitação do espaço era um ponto forte - as mensagens curtas aumentam muito a probabilidade de ser realmente lidas e respondidas. Isso permite um bate-papo extremamente dinâmico e fácil de participar, que mistura informações pessoais com avaliações de um produto ou empresa, além de indicações sobre algo na internet. Com frequência, essas conversas ou parte delas são retransmitidas a outras redes, como o Plaxo, podendo se alastrar mais rapidamente do que outras formas de comunicação.
O tipo de conversa no Twitter tem uma característica interessante para quem quer saber o que realmente passa na mente do consumidor - a espontaneidade. Atender ao propósito de dizer o que você está fazendo agora gera mensagens difíceis de interessar a uma empresa (ou a quem quer que seja), como a postada recentemente pelo paulista Vitor Lima: "Daqui a pouco tenho que ir para Bragança Paulista, espero que não chova muito no caminho." Mas, numa tarde de sábado, o mesmo Lima escreveu: "O novo site da Exame ficou bonito e funcional". Foi um elogio, felizmente, mas, caso Lima estivesse enfurecido com algum problema técnico e compartilhasse a raiva com seus contatos, teria sido possível saber disso imediatamente, consertar o defeito e ainda avisar a todos de sua solução. No Brasil, a Net, operadora de TV a cabo, incumbiu seus funcionários de solucionar os problemas postados no Twitter por assinantes que usam a ferramenta para falar mal da empresa.
Hoje, está ficando claro para um número cada vez maior de empreendedores que ter acesso a toda essa gente conversando ao mesmo tempo pode ser uma boa forma - e gratuita - de saber não só o que se fala por aí sobre a empresa ou seu produto mas também de obter um retrato breve e atual das últimas novidades do setor. "Gosto de acompanhar o que os usuários dizem sobre os concorrentes e saber o que eles estão fazendo", diz Mario Nogueira, um dos sócios da Pagestacker, site onde os internautas podem guardar e reunir os links de suas páginas favoritas na web.
Nogueira também encontrou na ferramenta uma maneira de manter contato apenas com quem realmente quer receber as mensagens enviadas pela Pagestacker, o que afasta o perigo de importunar as pessoas ao disparar e-mails para um grupo no qual muitos integrantes podem não desejar recebê-los. "É uma forma de ter certeza de que todos os nossos informes chegarão às pessoas realmente interessadas", diz Nogueira. "Não chateamos ninguém e melhoramos a comunicação com quem realmente quer fazer negócios com a gente."
Fonte: Revista Exame PME | Fevereiro- Março | Edição 17
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